domingo, 26 de junho de 2016
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Marcos Piovesan- o caminho inverso
Meu contato com os filmes gays
se tornou marcante quando conheci o trabalho do diretor Jean Daniel Cadinot,
que logo se tornou o meu preferido da área, também gostava muito de Kristen
Bjorn por ter um trabalho de fotografia incrível e atores que são semi-deuses
(tive o privilégio de escrever sobre os dois), mas Cadinot me cativou porque trabalhava
com pessoas “normais” dentro dos padrões de beleza
Ser ator ou diretor nunca foi
algo que passou pela minha cabeça, na verdade acabei fazendo o caminho inverso,
a maioria dos atores quando fazem muitos trabalhos acabam se aposentando e indo
trabalhar por trás das câmeras, mas em minha vida muitas das coisas que
planejei acabaram não acontecendo, fui seguindo então o que aparecia.
Sempre fui um grande afixionado em filmes pornôs desde
cedo, até hoje não esqueço que um dos primeiros filmes que assisti foi um
hetero que se chamava “Brinquedos do prazer” e tinha Marc Wallice no elenco, o
que rendeu uma punheta pra cada cena.
Gostava muito da época em que o
pornô tinha história principalmente nas produções internacionais, já na minha
adolescência eu escrevia bastante principalmente contos eróticos e com o passar
do tempo fui me dedicando a roteiros de histórias pornôs.
Com isso fui atrás de uma
empresa que filmava no Brasil, enviei um roteiro meu para o Julio Kadetti que
era o grande responsável pelas melhores produções nacionais gays pelo selo
Frenesi e logo seu assistente acabou me ligando, agradeceu pelo roteiro e disse
que eles já tinham pessoas na empresa para escrever histórias e por isso não se
interessaram pelo meu material.
Nessa mesma época vi um anúncio
no jornal procurando roteiristas para filmes adultos heteros, fui para a entrevista, quando o entrevistador
pediu para que eu deixasse meus roteiros para análise fiquei com receio de ter
minhas ideias copiadas e acabei não aceitando, afinal de contas já tinha ouvido
falar da “sacanagem” no sentido ruim da coisa que existia na área.
Acabei conhecendo uma vez um
fotografo que me apresentou um cinegrafista que sempre teve interesse em filmar
pornô, mas por onde começar? Eu tinha o conhecimento técnico da área e Rick
(meu câmera e amigo até hoje) tinha o equipamento.
Só não tínhamos dinheiro e nem
atores para fazer as cenas, convidei um amigo para gravarmos uma transa nossa,
eu iria atuar com ele para que pudéssemos ter um vídeo book para apresentar as
empresas, então em 2001 produzimos uma cena chamada “O telefone”, que tinha
como roteiro os encontros marcados por um serviço chamado “Disque amizade”.
Essa cena foi gravada em Super
VHS e não para fins comerciais, apenas queríamos testar se era possível
produzirmos um material de boa qualidade, serviu para que em 2002 eu convidasse
dois amigos para fazer uma cena mais elaborada, novamente participei como ator
para dar mais segurança aos outros rapazes e usamos máscara para preservarmos nossa
identidade.
Fizemos a edição e enviei para
a produtora Pau Brasil analisar, Pietro o proprietário da empresa acabou me
retornando com interesse que eu produzisse alguns filmes para eles, ele
explicou exatamente o que a indústria precisava e se tornou além de um grande
amigo meu grande mentor na área.
Com isso gravamos quatro cenas
em 2005 para o filme “Minha melhor transa”, mas o proprietário da Pau Brasil gostou
do título e acabou usando no primeiro filme bareback que sua produtora gravou,
nosso filme foi chamado então de “Homens safados”, “Vem transar comigo” (2006) veio
na sequência e acabei sendo convidado para acompanhar as gravações do
filme”Capoeira-a ginga do sexo” (2006) da Pau Brasil.
No meu processo de gravação no
máximo produzia duas cenas por dia, na gravação da Pau Brasil fiquei sabendo
que eles faziam as quatro cenas e mais ensaios fotográficos tudo no mesmo dia,
para reduzir custo com equipe técnica, atores e local, era uma correria só e
Pietro o diretor conseguia fazer milagres com tão pouco tempo para produzir um
filme inteiro.
Lá estava eu ao lado de pessoas
conhecidas do meio pornô, como Alexandre Senna, James Matarazo, Thiago
Pavanello, entre outros, eram cerca de duas horas da manhã e depois de termos
gravado o dia todo, um dos atores não conseguia manter a ereção para terminar a
última cena.
Faltavam apenas cinco minutos
de imagem para ser captada para o término desta cena a três, como a minha
anatomia e do ativo em questão eram semelhantes, acabei entrando como duble de
“pinto” para finalizar a cena, com foco apenas no meu membro fodendo o André
Santos.
Era para ter me tornado um
fornecedor regular da empresa Pau Brasil, tanto que entre 2006 e 2007 começamos
a produzir “Mansão dos prazeres
proibidos” , mas com a falência da empresa vendi os direitos em 2008 do filme
para a Sexxy Boys.
O filme se tornou “Garotos
amadores II”, na mesma época de venda em acabei fechando um contrato para posar
nu para uma revista chamada “BD” (bem dotados) e um dos pedidos da Sexxy Boys,
é que aquela cena que eu havia gravado a três (como ator) estivesse nesta
coletânea.
Nos anos que seguiram houve uma grande recessão no mercado nacional em se tratando de novas produções, além
do que com toda essa nova tecnologia em se tratando de câmeras e uso da
internet, todo dia surgiam novos atores e diretores na indústria pornô.
A concorrência foi aumentando
cada vez mais e a lei da oferta e procura mudou, tendo mais oferta do que
procura, resultado fiquei alguns anos parado sem produzir nada dentro da área.
Continuei acompanhando pela
internet o auge de novas empresas, uma delas foi a Macho Fucker que logo atraiu
minha curiosidade, um dia ao entrar no site deles li no editorial que eles
estavam comprando cenas para comercializar.
Depois de alguns contatos com o
responsável pela empresa, em setembro de 2011 agendei logo de cara três cenas
para gravar como diretor, a primeira foi com um casal de namorados, mas acabou
rolando de forma mais “suave”, o que sabia que a empresa não iria gostar, pois
seu padrão é o sexo mais “agressivo”.
Na segunda gravação um dos
atores não compareceu e com receio de não ter nenhuma cena para entregar para
avaliação da empresa, acabei fazendo a cena ao lado do ator passivo que estava
disponível, pois assim teríamos uma amostra de nosso trabalho para mostrar a
empresa, no final acabamos fazendo quatro cenas e por incrível que pareça,
somente a minha foi aprovada para compra.
Com isso acabei fazendo mais
algumas cenas como ator e também dirigindo trabalhos para a Machofucker e
outras grandes empresas, como a Redhotlatinos e mais recentemente a Treasure
Island Media, Latinboyz e Raw strokes o que somam mais de 25 cenas e mais de 12 anos de
trabalhos.
As coisas acabam tomando caminhos engraçados na nossa vida pois acabei conhecendo pessoas no meio pornô que me indicaram pra escrever matérias sobre sexo e pornô em revistas como Sexxxyboys, Transites, Bisex e outras, nisso tive o privilégio de entrevistar Kristen Bjorn, homenagear o mestre Jean Daniel Cadinot com uma matéria, falar sobre diversos assuntos sobre o universo hetero, gay, bi, trans, escrever contos e postagens mensais no extinto blog CARTUDOS e matérias sobre cinema para CCINE10, dessa forma realizei meu desejo de continuar escrevendo por um bom tempo.
Muitas pessoas devem pensar que os bastidores de uma gravação é a maior putaria com todo mundo se comendo (inclusive a equipe), se enganam: é um trabalho muito sério e quem já trabalhou comigo sabe a exigência que tenho nisso, pois acredito que temos que pensar como o mercado americano ao filmar com o máximo de profissionalismo.
Eu no trabalho como ator exijo muito de mim numa gravação, mesmo que ser ator não seja o meu foco principal, sou mesmo um cara “putão” que às vezes vai prá frente das câmeras e só atuo ao lado de quem escolho, pois acredito que um ator não deva fazer tantos trabalhos seguidos, pois acaba ficando muito conhecido no mercado e o público enjoa dele fácil.
Vida longa ao pornô!!!
Muitas pessoas devem pensar que os bastidores de uma gravação é a maior putaria com todo mundo se comendo (inclusive a equipe), se enganam: é um trabalho muito sério e quem já trabalhou comigo sabe a exigência que tenho nisso, pois acredito que temos que pensar como o mercado americano ao filmar com o máximo de profissionalismo.
Eu no trabalho como ator exijo muito de mim numa gravação, mesmo que ser ator não seja o meu foco principal, sou mesmo um cara “putão” que às vezes vai prá frente das câmeras e só atuo ao lado de quem escolho, pois acredito que um ator não deva fazer tantos trabalhos seguidos, pois acaba ficando muito conhecido no mercado e o público enjoa dele fácil.
Vida longa ao pornô!!!
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